quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

estávamos sentados, não, andávamos, tu às voltas eu em linha recta. trazíamos dentro do coração uma carabina pronta. às vezes eu falava, às vezes tu dizias e entre o falar e o dizer haviam alguns disparos, sempre dados em sentido contrário. e como saber do sentido do chumbo quando o coração nos fugia. e como saber do sentido do coração quando o chumbo o atingia. e como saber do sentido dos corpos, os nossos, quando o chumbo e o coração se encontravam. e como. e como saber o destino. que fazer da pólvora seca na ferida. que fazer da ferida aberta na pólvora seca. que fazer do amor aflicto no coração defunto. que fazer. estávamos sentados, sim, sentados, tu com o coração à cabeça, vivo, eu com o coração no colo, morto.

por: mar

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010















tinha tantos nomes para te dar
eras por dentro e ficavas
de fora
não houve tempo de nós
era teu ou meu
ou meu ou teu
era

aparecias ao coração
sem corpo nas memórias
ficavas
talvez porque soubesses no mar
o sal ou o sol
o sol ou o sal
no mar

ainda te procuro quando me encontro
por dentro da ferida
à espera
um mar em nós

por: mar

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domingo, 7 de fevereiro de 2010












podia inventar-te um país
qualquer sol que nascesse agora
uma mão a segurar o tempo
para sempre

podia
inventar-te
um corpo

podia eu trazer-te outras águas
qualquer mar que te amputasse os braços
um só momento para abraçar-te
nunca mais

podia
trazer-te
outra vida

mas olha
não sei de outra vida
nem desta
nem sei se há países ou mares
se é fácil carregá-los ao colo

sei de nós
tristes
e saber-nos assim dói
muito





amanhã ainda és?

por: mar

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