sábado, 30 de janeiro de 2010









sei hoje que todas as coisas te procuram,
também eu te procuro hoje em todas as coisas.
se todas as coisas me falassem,
se elas falassem!

não sei das coisas que falam
acredito que as tenham morto,
como sei que hão-de morrer estas palavras
à espera de as encontrares.

na porta do coração só
as mãos,
também elas esperam
os gestos.


quero dizer-te o mundo.
queres ouvi-lo?

e eu sei, meu amor,
eu sei,
é hiroshima.

por: mar

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à janela um coração. caiu. no peito um buraco. se não soubessemos de nós onde nos encontraríamos. penso: amanhã volto que hoje não tenho forças. deixo então que a noite me mate os gestos antes que sejam eles a matá-la. há noite quando a luz fugiu. hoje não volta. quanto a mim sou um humano, tenho dentes, tenho cicatrizes, tenho unhas, tenho pêlos, tenho vontade de voltar. amanhã volto que hoje não tenho forças. tenho fome de beijos. sinto falta de línguas. dessas bocas que afogaram as palavras.

por: mar

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domingo, 10 de janeiro de 2010

não sei que memória do mar hei-de ter em ti, ou que memória de ti havia de ter no mar, sei apenas que se fecho os olhos me encho todo de ondas, se os abro afogo o mar delas. e nos teus gestos falo, como quem quer dizer os búzios e as conchas, da espuma a crescer nos sentimentos. nos teus gestos mordo areia e recolho estrelas, mato-me de céu no teu reflexo, quando me olho água na tua água. e salgo os pés de vida antes da morte, julgando reinventar outras memórias como as que havia de ter do mar em ti.

por: mar

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sei que havia um espaço, não sei exactamente que tamanho o ocupava, mas neste momento podia ocupar-lhe qualquer tamanho, que a minha atenção se volta não para o que ele é, mas para onde ele não está. havia um espaço pouco linear entre os braços, às vezes creio que me atravessava o corpo de uma ponta à outra, outras creio que ele próprio, quase envolvente, me abraçava. do espaço pouco sei, apenas isto: que desapareceu já há algum tempo, quando os teus olhos atravessaram o meu corpo e lhe roubaram as pontas.

por: mar

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