quarta-feira, 4 de junho de 2008
mãe
Alice, Alice.
Alice quem te disse que o céu é azul? Alice encosta-se ao parapeito da janela do seu mundo interior, tem o ar cansado e o rosto pintado de rugas sem cor. o tempo é seu namorado e a vida é amante do chão que ela pisa, sofre com o coração apertado pelas mãos do pecado que fazem o seu caixão. Alice é a minha mãe e o seu colo é a minha casa, Alice vive numa caixinha de música onde todas as bailarinas têm as suas pernas e é na ternura do seu olhar de água que esconde os peixes que pesca em beijos que lhe são negados. no verde do pasto Alice encontra o perfume gasto de tantos dias que a vida lhe entregou já, rasgos de pequenês, coisas que o tempo lhe fez e que ela nunca esquecerá. as mãos de Alice pariram gestos, os pés de Alice calejaram caminhos, os olhos de Alice traçaram mapas num sentido único, para a frente Alice, para a frente. Alice é triste. a doença comeu-lhe as vontades e do lado de fora da janela há melodias de um futuro que se quer crente. Alice não mente, nunca soube mentir, não acredita no futuro incerto e nunca antes o sentiu perto. chora. não chores Alice que a corrente mata os peixes dos teus olhos. eu corro à sua volta e Alice risse com o coração na boca.
oh Alice era quem te visse assim caída tão de pé quanto viva.
4 comentários:
Adorei... Vou voltar.
Achei este post lindo...cara margarete!bj
Que mãe não gostaria de ter uma filha a escrever-lhe um texto como este? escreves lindamente e descreves a tua mãe com um amor que se sente em cada letra. Parabéns à mãe e á filha
"Mãe"
Homenagem?
Bonita homenagem.
Apenas te quero pedir uma coisa...
Não pares de escrever por favor. Adoro ler o que escreves, gosto muito.
Beijo.
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