quinta-feira, 2 de outubro de 2008
disse: mãe
mãe
há duas coisas que preciso dizer-te
entre a chávena repousas a mão
fria a mão, a tua, a que te amputaram à nascença.
o cotovelo gasto preso ao pó da mesa,
longe do braço,o teu, o que nunca foi perto.
há duas coisas que preciso dizer-te
mãe
duas mortes são o teu pequeno almoço
bem como um assalto à mão armada.
notícias da tua manhã, nossa.
ainda estás longe.
mãe.
tu gritas
tu levantas a mesa
tu choras um pouco
tu foges à pressa
mãe
há duas coisas que preciso dizer-te
a rua a servir de casa aos teus pés desesperados
fracos os pés, os teus, os que agora se encostam à berma.
a mão repousa ainda sobre o teu peito,
fria a mão, a tua, a que te amputaram à nascença.
grito: mãe. eu vou embora e não volto.
3 comentários:
Desculpa intrometer-me...
Incrível!!!!!!!!
Às vezes apetece-me mmo dizer isso!!!!!!
Adoro o teu blog, espero que não te importes que passe por aki e cusque um pouco?!
Fica bem
Gostei muito!
ai mar...perdida no seu mar...
beijo da ci
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