quinta-feira, 30 de outubro de 2008
onde tens mais frio é nas mãos. pesam-te os olhos em direcção ao chão e as costas dobradas pelo peso das memórias caem, a rua é feita dos teus ossos. o banco espera-te por detrás do portão, vazio como sempre, tu encurrilhas a pele para caber nele, nunca nada te serviu. às tantas lembraste do que de ti fizeram as bocas dos outros e matas-te. é já tarde que te matas, quando as dobras da noite se afogam na copa das árvores, presas por um fio ao céu as pernas nuas, és velha, gasta como o pedal da bicicleta que te comeu os verões. o inverno é triste nas folhas que te caem dos dentes e antes que o gelo derreta ainda sonhas. os teus braços são baloiços onde se aninham abraços por dar, estranhas os gestos, quietos no fecho do vestido e é ainda morta que foges, com as mãos frias e os olhos a pesar o corpo contra o chão. não gastes os passos a terra é uma esfera.
1 comentários:
Olá, saiba que estou adorando acompanhar o seu cantinho!
Espero a sua visita no meu tb!
Um beijo
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