domingo, 30 de março de 2008

Renascimento


*foto de Mariah




Fechei o baú das recordações,
evacoei a casa,
tranquei a porta da sala, fiquei,
fitei, escutei,
pontapeei a tua voz para longe.



Parti a ausência ao meio, liquidei a tristeza e manusiei a falta.


O espaço é o eco simplório que balança nos cabelos da falta, uma voz que se desprende do vazio das palavras. Foste tu a quebrar o ar e eu a ouvir-te. Foste tu a sacudir dos ombros o riso e eu a sorrir-te. Agora não! Não me venhas falar do amor que não se tem como se existisse na tua boca, na tua garganta, nas tuas entranhas.

Se voltares quebro-te a voz e as palavras, mudo-te o silêncio!

Soltei os cães da minha vida para que te comessem as palavras,
não quero ouvir mais nada,
não grites!
Pára!
Ao longe soltasse o vento do teu gesto.
Aragem fria... tarde incerta.

A minha saia é rodada pelos teus braços, cravei o movimento absurdo dos corpos que se agitam num abraço. Abraços são fases da vida que não se conseguem modificar, eu quero mudar, quero viver, renascer, morrer se preciso for, ter asas e não te ver.
Voar é mais do que ter asas é largar as preocupações.

Não me venhas falar de amor, logo tu.
Não!
Já respirei demasiadas vezes a tua voz,
já perdi. Já venci!
Sou eu, a vencedora sou eu!
Vai...

Entre o que é meu e o que é teu há um doce ensejo.
Jogo as cartas todas na mesa, nada tenho a esconder.
Se for alguém hei-de conseguir suportar.
O trunfo é meu!



por: mar


6 comentários:

Blogger Carlos escreveu...

OLá,
«Fechei o baú das recordações,
evacoei a casa,
tranquei a porta da sala, fiquei,
fitei, escutei,
pontapeei a tua voz para longe.»

quando as situações sejam elas quais forem, nos enfernizam e nos deixam em constante sobressalto ou não passam de palavras eventualmente ocas e saídas simplesmente da boca , temos que rápidamente gritar e dizer «basta»
e partir noutro destino...


bj

31 de março de 2008 às 02:22 
Blogger (Un)Hapiness escreveu...

qdo temos a coragem de dizer "não" àquilo que nos consome, àquilo que nos perturba o sono, é de louvar...há vidas que não se conjugam!

kiss

31 de março de 2008 às 13:16 
Blogger Tiago escreveu...

Ola ...
encontrei por acaso, enquanto procurava umas imagens, o tua antiga casa e acabei por me perder a ler os teus textos...
sendo eu, também, um "escritor" perdido neste mundo dos blogues, fiquei bastante agradado com o que escreves e não podia deixar de visitar este blogue e dar-te os parabéns pelo excelente trabalho...

visto termos uma linha de escrita em algumas pequenas coisas similar penso que vou tornar-me um visitante constante...

mais uma vez parabéns pelo trabalho

ass: Tiago Coelho

31 de março de 2008 às 14:40 
Anonymous Anónimo escreveu...

Há realmente uma morte, condição suficiente para que aconteça o renascimento.
Vida e morte andam de mãos dadas.
A morte é triste, mas há sempre um renascimento.
Neste caso, não houve a morte da maneira como escreves, como consegues transmitir a tua escrita e isso é bom, sabes porquê? Porque simplesmente escreves muito bem.

31 de março de 2008 às 15:29 
Blogger Jorge Vieira Cardoso escreveu...

Olá Margarete, cada palvra que derramas no papel do esquecimento parece somente a fuga do desejado.
No entanto se com isso conseguires a libertação isso é de louvar.

Parabéns pelo texto é intenso!!!

31 de março de 2008 às 19:06 
Blogger Fernando Ferreira escreveu...

Nunca me identifiquei tanto com um texto como neste. Às vezes parece que o jogo que disputamos é para nos derrotarmos a nós próprios e não aquele que julgamos inicialmente.

28 de outubro de 2008 às 20:09 

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