quinta-feira, 27 de março de 2008

Vocábulo Morto


*foto de nivea87


Silêncio!
Não digas nada,
a vida é uma charada onde é difícil sorrir.

Cruzei o vento a Norte para te encontrar a Sul e depois parei numa nuvem para te ver a regredir. Parei! Fitei do alto o timbre exacto num desleixo caído no eco. Riu baixinho antes que a chuva caísse no seu umbigo.

Tudo ocorre dentro de nós próprios, muito ocorre fora de nós, pouco ou nada nos outros.

Fala lá!
Não! está calado.

Inventei poesia no teu cabelo e soube que na desmedida do olhar há sempre uma perfeita monotonia, pesa-me a ausência, a saudade vive em mim na quietude vagarosa, melodiosa do vagar. No ensejo invento-te a demora, peguei nela e sacudi-lhe as lágrimas, o pranto cantou a brancura da pele.

Socorro, por favor está calado!

Incerteza, contingente mágoa, tédio, um graduado solfejo.

Abstenho-me da memória e antes que se quebre a realidade aos pedaços já a recordação construiu muralhas no meu ser. Puxei por mim e soube a incongruência do sentir, decorei e ornamentei a tristeza com sorrisos, quando encaramos assim a dor ela dói menos. Balancei as lentidões da verdade e forcei o vício incerto de mim mesma, respondi ao vento no ganir do contratempo que nunca soube o que sou.

Morri quieta e parada perdida entre nada.

Eu sou vocábulo
assassinado
defunto
falecido
finado
extinto
murcho
seco

MORTO




por: mar


5 comentários:

Blogger João Vasco escreveu...

Os vocábulos são eternidade e tu és um turbilhão de palavras vorazes que apesar de aparentemente amarfanhadas, escondem um sorriso de enleio.
Bj

27 de março de 2008 às 22:06 
Blogger Carlos escreveu...

acho, também ,que estás em constante efervescência... e nas rapsódias nos envolves, de encanto, em sussuros harmoniosos.

beijo

28 de março de 2008 às 12:52 
Blogger Jorge Vieira Cardoso escreveu...

calo somente cada silvava
em caracteres de saudade abstracta
são os elos de uma ponte elevada
em palavras de cruz partida
em sinónimos de lágrimas puras
nunca vergadas!
nunca mudas!
são de "ti" para ti estas palavras poéticas com imenso carinho.

Beijo, para ti (mente-linda)

28 de março de 2008 às 19:04 
Blogger (Un)Hapiness escreveu...

bela forma de escrever...
parece-me q tens tanto para dizer smp q inicias um texto..
parabens.

bjo

29 de março de 2008 às 22:47 
Blogger O Profeta escreveu...

Esta é a alma que voa de um Profeta
Ao encontro do teu sentimento
Este é o sal de alva espuma
Que te ofereço e diadema de espanto…

Olhos de alma, da tua alma
Quero-os no cais da minha chegada
Espero por ti em manto de ternura
No encontro da minha caminhada


Bom domingo

Mágico beijo

30 de março de 2008 às 15:58 

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