quarta-feira, 23 de abril de 2008

Antes de partir, morri!


* foto de Graça Loureiro;



Quem sabe se não morri antes de partir!
Quem sabe se não me fui antes de fugir!
Quem sabe até se entrei antes de sair!


Antes de abrires os teus olhos já nada de mim havia,
nem a dor da minha sombra, nem a minha companhia.
Antes de sorrires já eu me apodrecia,
nas esquinas do queixume, nas arestas da melancolia.

Tu dormes encostado ao tempo como um cão vadio preso ao relento, fecho a porta devagar atrás de mim, deixo ficar os meus pés junto à tua cama, hei-de voltar em forma de lembranças para te preencher de tristeza, se deixares escrevo-te uma carta com o pensamento atado na saudade.

Já parti, não corras...!
Se correres volto só para apagar as minhas pegadas,
não me procures!


... adormeces-te e eu fui, vagueei por todos os cantos da casa, comi os carinhos que me deu, bebi as lágrimas que chorei e depois esqueci as minhas mãos no teu rosto e fugi. Se ao menos tivesse levado a tua mão para apertar contra o meu peito nos momentos de sufoco, se ao menos tivesse levado os teus braços para abraçar quando me sentisse só, se ao menos... se ao menos não tivesse a coragem de ir sozinha! Mas tenho!


Fechas os olhos devagar. Não adormeças!
Não, amor! Não adormeças!


Tu não sabes que me vou embora e adormeces devagar, eu não quero mas tenho de ir, com os olhos cheios de lágrimas empurro o nosso mundo e liberto as lágrimas. Se acordares e sentires a minha falta olha para os meus olhos que ficaram parados nos teus, vê que és a menina dos meus olhos.


Antes de partir, morri no amor que sinto por ti!


por: mar


5 comentários:

Blogger Cristina Paulo escreveu...

...As tuas palavras são extremamente fortes. Preto no branco realmente. Deixaram-me uma sensação de angustia? Deixo-te um beijo de mil cores

24 de abril de 2008 às 15:22 
Anonymous Anónimo escreveu...

As tuas palavras escritas são sentimentos da alma.

A tua partida é uma vez mais uma obra de arte.
Mas não partas. Fica!
Não morras no Amor, sente-o!
Fecha os olhos devagar e adormece também.

Também estou aqui, e que bom é este estar, este sentir, esta melancolia traduzida em obra-prima.

Parabêns uma vez mais e já sabes que estou sempre presente.

Beijos mil *

24 de abril de 2008 às 16:05 
Blogger Daniel escreveu...

olá

Num bom texto, morrer de amor, pode ser gratificante se se ressuscitar em glória.
Adorei!

Daniel

24 de abril de 2008 às 20:28 
Blogger Estrelinha escreveu...

AMei este blog...de verdade!*
beijinho

25 de abril de 2008 às 19:43 
Blogger Jorge Vieira Cardoso escreveu...

[se ao menos tivesse levado os teus braços para abraçar quando me sentisse só]

cada braço que só às vezes circula o nosso mundo, é o abraço da incerteza, é o abraço da solidão!

nessa solidão eu digo! Que drama esse do abraço perdido!

beijinhos e bom fim de semana...

25 de abril de 2008 às 21:24 

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