domingo, 27 de abril de 2008

A vida é tão sem dono como um cão vadio!

* foto de Daniel Camacho;

A vida é tão sem dono como um cão vadio!

Cala-te!
Ouve-me!
Se o amor são dois tempos eu já estou no segundo.


Há no teu olhar um detalhado bosque, altivo, forte, cativo de gestos sufocados nas mãos que não alcançam mais do que a si próprias. Há no teu olhar tão delicadamente pousadas mil aves migratórias prestes a voar, com a aproximação da Primavera. Há no teu olhar um vale de girassóis plantados, floridos eternamente. Há, há no teu olhar raízes bem profundas de tudo o que um dia foi passado.

O passado é o presente mascarado no Carnaval do futuro.

Canções de amor são prelúdios anunciativos de um estado de espírito,
verdades indefesas que se estendem no estendal da vida sem vergonha de se mostrarem.

E há no teu olhar palhaços sem medo, de tempos que em segredo já lhes pertenceram, há vozes distantes, risos ausentes e esperanças dormentes que esperam isoladas no tempo. Há jardins de rosas coloridos, com espinhos doridos, com vida em desalinho. Mas há no teu olhar um passarinho que canta o futuro enternecido com as asas apontando para Sul.

A vida é tão sem dono como um cão vadio!

Não há no teu olhar o meu cravado,
não há tintas de luz no teu passado,
não há muros que se erguem entre nós...
Só há um bosque inteiro onde te escondes,
um mundo renovado onde me encolhes
por detrás de tudo o que habita em nós.

A vida é tão sem dono como um cão vadio!

Sou uma sem- abrigo. Todos somos!

por: mar


5 comentários:

Blogger Flávio Lopes da Silva escreveu...

neste blog leio uma poetisa crescente, alguém que não sobrevive sem as palavras e isso nota-se em cada poema, em cada frase.
margarete silva será certamente um nome a reter nas estantes literárias.
gosto de te ler, é só o que sei dizer.

27 de abril de 2008 às 12:39 
Blogger Jorge Vieira Cardoso escreveu...

Não há no teu olhar o meu cravado,
não há tintas de luz no teu passado,
não há muros que se erguem entre nós...
Só há um bosque inteiro onde te escondes,
um mundo renovado onde me encolhes
por detrás de tudo o que habita em nós.

Poesia pura!!! A tua...

e no meu olhar geme a falsa paz em defeito
de sorrisos dissimulados de cavalo a trote, enjeito!
em separação do nefasto do belo
desce sobre cada asa o som alado
como lâmina em corte de cutelo
sou eu, sou ele, sou a minha, sou a tua sorte...
devia ser o teu sorriso belo.

beijinho e óptimo domingo, querida amiga!

27 de abril de 2008 às 14:18 
Blogger (Un)Hapiness escreveu...

deixei-t um miminho no meu blog :)

28 de abril de 2008 às 13:48 
Anonymous Anónimo escreveu...

Há, como sempre houve em ti, uma sensibilidade tão grande que tentar descrevê-la é pecado!
Não o vou fazer porque não quero pecar mais.

Simplesmente. Adorei!

Beijos sentidos *

28 de abril de 2008 às 17:06 
Blogger Cristina Paulo escreveu...

A cada visita fico mais presa nas tuas palavras, alheada do mundo e contudo nele profundamente mergulhada. Ler-te é respirar outra vida!
Beijos meus

29 de abril de 2008 às 16:08 

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