sexta-feira, 2 de maio de 2008
Ardina de Vidas
Distribuiste as notícias tristes como próximos episódios de uma novela,
um folhetim de anúncios vespertinos.
Apregoas o tempo com as mãos carregadas,
a rua está triste hoje, o nevoeiro encolhe-se ao redor de todos os corpos.
a rua está triste hoje, o nevoeiro encolhe-se ao redor de todos os corpos.
Que faço eu da vida? Que fazes tu da tua?
Valoriza-me porque eu também sou uma notícia triste!
Esperei que chegasses com as mãos carregadas de jornais, primeiro encostaste-te à parede daquela casa e com uma mão segurando as costas pousaste o teu material de trabalho no chão e com um sorriso nos lábios olhaste o céu carregado. Soube então que gostavas da chuva tanto como eu. Depois ergueste os jornais, colocaste-os no teu saco de cabedal castanho e foste conversando com este e com aquele sobre a actualidade que acreditavas ser possível.
Valoriza-me porque eu também sou uma notícia triste!
Esperei que chegasses com as mãos carregadas de jornais, primeiro encostaste-te à parede daquela casa e com uma mão segurando as costas pousaste o teu material de trabalho no chão e com um sorriso nos lábios olhaste o céu carregado. Soube então que gostavas da chuva tanto como eu. Depois ergueste os jornais, colocaste-os no teu saco de cabedal castanho e foste conversando com este e com aquele sobre a actualidade que acreditavas ser possível.
O teu saco de notícias tristes mal aguentava o peso das lágrimas.
Eu apaixonei-me por ti como me apaixonei pela chuva
num dia em que a senti impregnar-se no meu corpo.
Eu apaixonei-me por ti como me apaixonei pela chuva
num dia em que a senti impregnar-se no meu corpo.
Lavei a minha cara com as lágrimas, sentei-me no chão que tinhas pisado e olhei a chuva que caía na diagonal dos corpos, miúda, dessas que te entram pela pele e te molham toda, por dentro, por fora, como se fosse possível amansar o sal das lágrimas com a água doce das chuvas.
Disfarço-te de ardina e tenho a certeza que te dás conta,
na verdade eu só queria ver-te,
só queria olhar-te com as lágrimas nos olhos.
A verdade é que não precisas de disfarce, és um ardina de vidas e isso faz de ti eterno.
Os teus sapatos não te cabem nos pés, caminhas com um passo desajeitado e ás costas levas uma árvore repleta de sonhos maduros, prontos a serem colhidos. Sentaste na praça, atrás de ti um carrossel que gira sem parar, enroscaste em notícias tristes e recortas-lhe palavras, colas tudo no chão e inventas a tua primeira notícia feliz.
na verdade eu só queria ver-te,
só queria olhar-te com as lágrimas nos olhos.
A verdade é que não precisas de disfarce, és um ardina de vidas e isso faz de ti eterno.
Os teus sapatos não te cabem nos pés, caminhas com um passo desajeitado e ás costas levas uma árvore repleta de sonhos maduros, prontos a serem colhidos. Sentaste na praça, atrás de ti um carrossel que gira sem parar, enroscaste em notícias tristes e recortas-lhe palavras, colas tudo no chão e inventas a tua primeira notícia feliz.
3 comentários:
estes quatro temas que aqui comento, são pretos no branco das páginas de um jornal, do qual eu costumo tirar as minhas ilações.
dessa maneira faço-me ardina dessas páginas para te sentir nos pingos de chuva, que são as tuas letras pigmentadas de 30 de Abril a 1 de Maio...
foi muito boa toda esta visita ao teu Blog!
beijo carinhoso...
As notícias de nossa vida vestem-se do nosso sentir. Reais ou ficção, fazem parte do jornal que somos.
Bj terno
Uma bela homenagem aos ardinas.
Parabéns. É sempre bom ler-te.
Bjs
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