domingo, 25 de maio de 2008
longe de casa, tenho frio
dei voltas sobre mim nas ruas tristes de uma cidade que já conheço de cor, hoje é domingo. vagueio por aqui e por ali e com os meus olhos entre o chão e o céu bailo no rosto de todos os que por mim passam. ainda sou uma menina e não sei de que cor se pintam os passos. desbravo sentimentos soltos no ocaso e não sei porque caminhos sigo. hoje é domingo. hoje é domingo e ainda não dancei nos teus olhos. pouso as mãos na grade da ponte e fito o horizonte que baixa os olhos embaraçado pelo meu olhar imperativo. erguem-se ao longe silhuetas que se beijam, se enlaçam, se são tão felizes que eu, meu amor, eu não consigo deixar de sentir o friozinho da inveja percorrer-me cada pedacinho do corpo.não estás aqui. fecho as cortinas, baixo os estores, tenho medo, tenho frio.estou longe de tudo, longe do mundo. aqui pouco faz sentido, hoje é um dia triste, hoje é domingo. cruzo os braços e sento-me no chão, olho o corredor e relembro as horas felizes de domingos que nunca passamos juntos. coloco as mãos nos bolsos, bato a porta atrás de mim e com os olhos fechados avanço pelas ruas que os meus pés sabem de cor. as costas curvadas em direcção ao chão, a boca fechada e um frio a entrar pelas mangas da camisola, pelo fundo das calças, pelas casas dos botões do casaco, tenho frio, estou longe de casa.
3 comentários:
gostei como gosto sempre.
bjs.
E sedentários continuamos à deriva do nosso verdadeiro lar... seres humanos afastados dos sonhos imortais que nos dão nome.
Gostei amiga :) Vou estando atento.
bj**
Paulo Ramos
olá Mar
Bem, este texto é mesmo fenomenal, não só pela tua bela escrita mas também por um belo tema, de facto, longe de casa sentimos frio, tudo é estranho. O domingo, dia da família por excelência, perdem todo o seu sentido quando estamos longe de casa, longe daqueles que amamos...
Obrigado pela tua bela escrita e, por um tema que também a mim me tocou!
Beijos
LuísMiguel
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