domingo, 25 de maio de 2008
a vida não está a salvo
entra pelo vidro a luz,
raios me partam ao meio
porque escondo na noite ainda as palavras tristes
que compõem a minha poesia.
breve melancolia,
tolhe, encolhe e esbarra o cais da verdade
escrita na pressa.
a vida não sabe na boca
nem nos olhos mal risonhos
que escrevi com as minhas pegadas.
no final das contas não sobra dinheiro para nadas,
tenho tudos entalados no pranto
e o meu encanto não chega para os desempacotar.
balanço a esperança no quoficiente da inteligência,
a hipotenusa ao avesso.
estremeço e clamo,
o choro é estranho e os dias contam-se pelos dedos da mão esquerda.
migalho-me o amor entupido numa lata de atum por abrir,
restos de comida para o dia seguinte,
iogurte com validade estagnada,
cheiro a comida estragada.
a vida não está a salvo.
3 comentários:
JÁ TINHA LIDO NO LUSO E VOLTEI AQUI PARA COMPLETAR A LEITURA, SIM DEFACTO A POETISA TEM TODA A RAZÃO AO SENTIR TUDO ISSO NO SEU DIA A DIA.
QUE A VIDA FIQUE A SALVO E QUE NOVOS DIAS MAIS RADIOSOS E BELOS POSSAM ENFEITAR A SUA VIDA.
UM ABRAÇO AMIGO TÓI CAMBETA
A vida não está a salvo, mas cabe a cada um de nós estar a salvo.
A velocidade com que escreves é estonteante, confesso que as surpresas quando te leio também o são.
Um texto diferente, mas com o timbre habitual "preto no branco". Inconfundível.
1 beijo.
gosto do toque forte que dás às frases... expressões que podem abraçar :)
**
Enviar um comentário
< home