sábado, 3 de maio de 2008
Viseu tem as ruas tristes!
Viseu tem as ruas tristes, os pingos de chuva caíam lentamente sobre a calçada, a praça estava vazia, meia-dúzia de pombos esperavam que parasse de chover para depois voarem para junto dos outros. Não sei onde estão os outros, sempre me questionei onde se escondiam os pombos nos dias de chuva. Ao canto da praça um carrossel infantil abandonado, onde estavam as crianças? Sentei-me no banco e deixei-me molhar enquanto te esperava. O meu vestido preto destoava com as cores da praça, não me importei. Os sapatos pretos estão encharcados, estou com frio!
Trauteei uma melodia qualquer que em nada se relacionava ao momento,
como não vinhas levantei-me e dancei,
pousadas no banco estavam as minhas coisas que tal como eu esperavam ansiosamente a tua chegada.
Eu e esta minha mania de chegar sempre mais cedo! ...
Quando chegaste eu nem me dei conta, sentaste-te no banco e ficaste a olhar-me, a chuva também não te incomoda, de repente escorreguei e caí, tu levantaste-te e vieste ajudar-me a levantar e eu não consegui falar, nada dissemos. Abracei-te como se aquela fosse a última coisa que faria, beijei-te e senti um remoinho de emoções tresloucadas ocuparem-me o corpo, em cada pequenino espaço de mim nascia um pedacinho de ti.
Sentamo-nos depois sem tirar os olhos um do outro, “tu és poesia”, e eu nada dizia enquanto as tuas mãos percorriam a minha face. Julgo que tive de fechar a porta às lágrimas que se iam acumulando nos olhos. Quando me pegaste as mãos nasceu-me um sorriso na face e algumas lágrimas matreiras conseguiram escapar.
O sol começou a iluminar as ruas de Viseu, o carrossel agora despertava, sorria com todas as suas cores, a praça lentamente começava a encher-se, eu sorria e tu sorrias e as nossas mãos sorriam abraçadas.
As ruas de Viseu são um paradoxo!
1 comentários:
Olá minha querida amiga.
Consegui ver ver um texto teu sem ser preto no branco, não obstante as ruas tristes. Um paradoxo.
Beijos.
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