terça-feira, 27 de maio de 2008

"welcome"

Mendiguei nas maçanetas da porta como quem quer abrir mas não pode ou quem pode mas não quer, fiz-me tapete de entrada, pisaste-me as letras gastas, “welcome”. A fechadura perra ainda guardava meia dúzia de segredos que empacotamos numa caixa de sapatos, despi-me as calças que me ofereceras no Natal com a mesma rapidez com que te alcancei depois com a boca fechada e os dentes semi-cerrados, rangendo de desejo. Pautei os gestos na perfeição do rebordo de duas silhuetas brilhando nas sombras da manhã. Sacudi a desilusão que estava presa nas pontas dos meus cabelos e por fim, não querendo reparar que era o ínicio, disse-te adeus já na inquieta sensação do desconforto emocional posterior. De mochila às costas desenvencilhei as palavras cruzadas. Tu corrias atrás de mim com a lanterna na mão, estava frio, está frio, era de noite, é tarde, ainda com os pés descalços de presenças soubeste o lugar e a hora exactos de beijos anunciados e esperaste-me como quem espera um comboio que se atrasa sempre, amarrotado entre as beatas de cigarro e as folhas de jornais gastos pelos tantos olhos, pelas quantas mãos.
Não cheguei e não desesperaste, fizeste-te futuro e caminhaste entre os ponteiros do relógio que repousava morto no teu pulso esquerdo, entre a gélida tarde e a triste noite assassinaste o amor que ainda choramos.

por: mar


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