sábado, 14 de junho de 2008
luís.
luís tem os olhos de cor nenhuma e se o olhares com atenção descobres-lhe um livro de contos no meio da testa. luís tem uma bicicleta mas poucas vezes a usa, prefere andar a pé embora não aguente caminhadas de mais de dez minutos. luís tem uma máquina fotográfica que usa para memorizar o mundo nas paredes da sua casa. mora num bairro estreito onde as vozes do lado se confundem com a sua, a sua voz é calada, muda.
as mãos do luís são sibilas, às vezes andam no bolso outras vezes seguram as minhas. as mãos do luís semeiam sonhos como quem semeia centeio no campo. luís sabe, ele sabe a súbtil diferença entre o sonho e a realidade. gosta do mar embora não o conheça bem e sabe com precisão em que canto do céu nasce o sol e em que canto gosta ele de se pôr. os pés do luís têm medo do futuro mas nem por isso deixam de o percorrer, o seu corpo fala mais de duas línguas enquanto a sua boca pouco fala. luís tem cabelos de cor nenhuma e no peito sempre aos saltos um coração que vive em demasia.
luís é um menino, sempre será um menino. a cara dele é um jardim onde se estende uma rede, deitaste e nunca mais te consegues levantar, há músicas que se desprendem da sua pele e que cheiram a eternidade. há um mundo, há um mundo preso nos seus gestos e é esse mundo que nos permite acreditar na felicidade. luís é um princípe escondido nessa história de encantar que escreves todos os dias, a vida.
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