segunda-feira, 9 de junho de 2008
não há ruas tristes
não há ruas tristes. olhaste-me. dei-te a mão.
soubemos ambos que o futuro estava nos nossos pés a inventar pegadas pelas ruas da cidade. tu sorrias e entre este e aquele sorriso abria-se o céu em risos de embaraço. as montras das lojas pareciam todas iguais, só o teu reflexo nelas valia todo o presente que nos ofecera a vida. pausamos os corpos e enlaçamo-nos em beijos que as nossas bocas desenhavam sempre que se encontravam. e tu eras o toque, tu eras o sol a esconder-se por detrás das casas que ora aqui ou ora ali segredavam o nosso romance ao rio, podia não ser o rio mais bonito do mundo mas era o único rio, o único rio que brincava com as nossas palavras e os nossos silêncios enquanto os nossos pés bailavam ao sabor do vento. o vento sacudia as nuvens que pareciam feitas de algodão doce. nós sentamo-nos no muro e respiramos um pouco enquanto as mãos se agarravam em promessas de nunca mais se afastarem. não te quero longe. quero-te perto, tão perto que não se possam escrever distâncias ou descrever faltas ou até imaginar saudades. e a tristeza de te ter descoberto longe morria-me nos braços dados com os teus.
não há ruas tristes. olhaste-me. dei-te a mão.
soubemos ambos que o futuro estava nos nossos olhos a brilhar no cais de duas vidas que pouco a pouco se transformavam em uma. e foi à noite quando o teu corpo se uniu ao meu que eu soube que a certeza de te querer sempre ao meu lado era a mais pura das verdades. acordamos os passos da cidade com os carinhos, a madrugada afagava-te os cabelos e a tua boca calada contava-me todas as tuas vontades. fomos tudo e ainda somos. paramos as horas do relógio e trocamos as voltas ao calendário. eu e tu, parados entre o aqui e o agora, comprometidos pela luz de um dos candeeiros de uma dessas ruas que já nos sabem de cor nessa cidade que me era desconhecida.
não há ruas tristes. olhaste-me. dei-te a mão.
5 comentários:
....não há ruas tristes...e nos silêncios também comunicais....sem pressas sem distâncias...sem saudade....
deixai que o candeeiro vos dê além da luz, molde também as silhuetas do prazer....
kiss
*o vento sacudia as nuvens que pareciam feitas de algodão doce.
se a verdade fosse essa, em que delirio puro viveria o teu mundo.
mais uma vez retiro as palavras da minha boca e espalho-as nas tuas frases. são lindas e desta feita mais alegres adorei...
beijinhos querida...
PS. quando n comento algum n é porque não li, é só por falta de tempo...
Há ruas tristes; mas de mãos dadas custa menos.
Dark kiss.
Há ruas tristes. Acredito que sim.
Todavia, a tristeza de algumas ruas não consegue ofuscar a beleza de um beijo, de um dar de mãos, de um sentir, de dois corpos...
Há ruas tristes!
como dizes, em momentos destes «não há ruas tristes»; a tristeza está em nós, ou não está... mesmo de mãos dadas, pode haver «ruas tristes»! O nosso estado de espírito é que filtra o sentimento.
Gosto da tua capacidade descritiva.
Bj
Enviar um comentário
< home