terça-feira, 15 de julho de 2008
carolina.
às vezes pegava na sua vida e fazia dela um papagaio colorido lançado ao vento em dias de sol, às vezes pegava no papagaio colorido e saía de casa com o coração nos olhos e na boca, corria praia fora e caía, enrolava-se na areia e chorava uma alegria enorme a saltar-lhe no peito. devagar tudo se transforma numa súbita tristeza, estar só, encontrar a felicidade e não ter com quem a partilhar, rir alto e não ter quem lhe ouça o riso, agarrar-se à falta e chorar baixinho para não incomodar a felicidade que a abraçava.
tem dias em que se imagina uma estrela de cinema, sai de casa e sente-se capaz de vestir a rua com cores garridas, erguer o nariz e fingir que não conhece ninguém, ouvir as palavras que lhe chegam de longe com os olhos presos num sonho que não lhe pertence. tem dias em que abre os braços sobre a ponte d. luís e abraça o douro, os barcos rabelos e todos os turistas que só conhecem os postais de uma cidade em ruínas.
ela é assim, nem os cinquenta anos de mar lhe apagaram a infância, corre, corre com as mãos cheias de sonhos, ganha balanço nas descidas e sobe, sobe como quem voa, ergue os braços e solta os sonhos com lágrimas de uma vida que se solta com eles. ela é assim, nunca soube gritar, nunca soube discutir, nunca se soube numa casa cheia de gente feliz.
carolina. não há quem lhe não conheça a saia com um lagarto pintado.
3 comentários:
Muito bonito. Para alem de fotografar, tambem sabes escrever! Não te conheço, mas ja percebi que és uma artista! :D
muita sorte, tanto com a fotografia como com a escrita, tens jeito! *
CarolinaMaria
Olá,
como sempre trazes temas que , nos abanam,
quantas Carolinas, infelizmente vai por esse País fora...ainda bem que os sonhos nos deixam voar.....
Beijinho
O bom da vida será nunca deixarmos de ser crianças e conseguir agarrar o mundo...
Os teus textos são sempre lindissimos;)
Beijinho
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