segunda-feira, 8 de setembro de 2008

quarto 302

às vezes encostas a cabeça ao vidro e sorris, eu desapareço num ápice antes que a tua mão a custo se erga num adeus, adeus nunca, por mais que o mundo te caia, adeus nunca. às vezes ainda te olho da esquina dobrada e é como se nunca dali saísses, quieta, a cabeça no vidro e a manta nas costas e então habita-me a saudade, a saudade é muito má inquilina meu amor. às vezes sento-me na borda e fico a olhar-te a face estática no vidro, tenho medo de ti tão distante mas voltar atrás é um caminho complicado que o tempo por certo não quererá para nós e fico. fico ali até a noite cair ou até que o frio me incomode, então desapareço como um sem-abrigo, já ninguém me conhece o rasto e o rasto afinal não é assim tão grande, um virar de rua, um cruzar ao fundo, a casa do costume. já ninguém me visita, já ninguém me telefona, já nem para perguntar por ti, é como se tivesses morrido, como se estivesses morta naquele quarto, o 302 do corredor 7, mas eu não desisto de ti meu amor e fico. eu sempre fico por aqui empacotado na película transparente que protege as fotos no álbum do nosso casamento, entre um gole ou dois do vinho que trouxemos de paris, eu e a casa, a casa e eu.

por: mar


1 comentários:

Blogger Supermassive Black-Hole escreveu...

é forte o sentimento de abandono, cátia, gosto muito.
mesmo muito.
é frio e melancólico, sem ser violento...

9 de setembro de 2008 às 15:13 

Enviar um comentário

< home










mar


sobre este mar:

estrelas do mar
maré cheia
um mar de fotos
lugares do mar


arquivo:

março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
junho 2010