domingo, 12 de outubro de 2008

alice.
chorou ele o nome, dela, o nome que lhe pertencia e lhe morria e lhe corria no lugar do sangue. 
e o peito repousa agora sobre um monte, abandonado à nostalgia de uma tarde de domingo, ao fundo o rio quieto, imóvel, com pedras a morder-lhe o caudal. ao longe o nome a ecoar alto sobre o vale, um grito para ninguém ouvir, mudo na copa dos plátanos, aquele nome de sempre. 
alice. 
a aguardente serve de consolo à irremediável vontade de morrer, ver-se coberto de terra num caixão feito da tristeza do nome. o fato preto a ser o simulacro perfeito do funeral. devagar chega o nome por entre as ervas daninhas, roça-lhe o braço. alice. o nome que volta do mar, sobe o rio, inverte o trajecto das águas e arrasta a corrente sanguínea para fora do corpo. cai.
alice.
cai do sexto andar do prédio escondido no bairro alto, o nome, desce as escadas de emergência com o coração a sair-lhe pela boca, o pescoço parte-se contra o asfalto, o nome vai, corre, o nome salta, ferve na órbita dos olhos que o vêem, o nome morre para sempre.
alice.

por: mar


0 comentários:

Enviar um comentário

< home










mar


sobre este mar:

estrelas do mar
maré cheia
um mar de fotos
lugares do mar


arquivo:

março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
junho 2010