quarta-feira, 1 de outubro de 2008

o dia da minha morte

não me digas já que morri, deixa-me ver-te mais de perto, o corpo vestido de luto, o preto a ficar-te bem, a barba por fazer e os olhos cobertos de lágrimas. o dia da minha morte é vagaroso, a tarde contou todos os minutos no relógio velho da sala, à cabeceira do meu caixão algumas flores murcharam, tudo murcha na vida com a pele, tudo depois de murcho acaba por morrer. mas não me digas já que morri que ainda quero ter tempo de mudar a água do aquário e cortar as unhas dos pés.a tarde cai por detrás da casa e as cortinas deixam entrar ainda um pouco de sol, é dia, o último dia que vejo antes de morrer ou depois de morta, os meus olhos estão fechados mas sinto o calor da luz nas minhas mãos, colocaram-me as mãos em cima da barriga, nunca conseguirei adormecer assim.tu ajeitas-me o cabelo e eu ajeito-te a dor depois, a jeito, congelo-te as lágrimas nos olhos, promete-me que não voltas a chorar e depois podes dizer-me que morri. 

por: mar


1 comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

(guardei esta morada na minha casa)

http://ummaisumigualaum.wordpress.com

Ummaisumigualaum

5 de outubro de 2008 às 00:56 

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