quinta-feira, 9 de outubro de 2008
objecto identificado
novembro é triste
e corto as unhas rentes
ao longe ouvem-se uns fados
a criada traz no avental couves cegadas
eu cego-me com elas
morro nas ruas que a cidade canta
devagar para não interromper a alegria dos outros
faz frio na rua e há quem se encolha
eu planto-me junto à fonte
há chuva a morar dentro do meu coração
novembro é triste
e a solidão é um esquema
uma maneira quase tão doce quanto desajeitada
de sentir a vida escorrer-nos com o sangue
nas veias encardidas onde a morte espera
à porta do que sou com o dedo em riste
a senhora engana-se no caminho
escorrega na encruzilhada e prende o salto
o destino é delicado como uma planta
e bruto como um corta unhas
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