sexta-feira, 14 de novembro de 2008

a fotografia

o homem senta-se com o chapéu, o chapéu endireita-se com a ajuda da mão, depois o homem leva a mão esquerda à chávena e pousa o olhar, calmo, na objectiva da máquina. o homem, de olhar castanho, fica estático, os lábios cerrados em palavras mais escritas que faladas. o homem, na casa dos vinte, petrifica a sala e o casal lá atrás fala da pose do homem de chapéu, discutem o jeito do pulso, o dobrar dos dedos da mão, o cachecol preto enrolado no pescoço do homem, e a luz do flash vai bater no espelho que a reflecte do outro lado da sala. a sala tem tons claros e um relógio enorme na parede do lado do homem de chapéu, a sala veste-se de silêncio até porque é do homem de chapéu que se fazem todos os minutos apartir de então. o homem de chapéu continua parado, o olhar amendoado subtilmente pousado na máquina segura por duas mãos, firmes, presas a um corpo quase irmão do corpo do homem de chapéu. e é então que o obturador fecha e a luz do flash se esvái de encontro aos olhos do casal lá atrás, as duas mãos pousam a máquina em cima da mesa e o homem de chapéu leva a chávena à boca.

por: mar


1 comentários:

Blogger bruno vilar escreveu...

Memória fotográfica.

15 de novembro de 2008 às 10:26 

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