sexta-feira, 14 de novembro de 2008

sem o amor no título

sentaram-se sossegados à porta do coração, à boca da lareira, do lado inverso da sala, oposto às vozes do mundo. falavam de amor mas nunca sobre amor, falavam com os gestos entupidos em desajeitados modos de erguer as mãos, enrolar o cabelo, tecer olhares e depois, já tarde, puxaram-se para mais perto, um encostado ao outro, deixaram que lhes ardessem as palavras com a lenha. quem os visse assim chegados julgaria que entre eles crescera um amor maior, mas o amor não cresce entre eles, o amor cresce neles, não há nenhum espaço entre os corpos por onde o amor pudesse crescer. e sossegados deixaram que os corpos se plantassem ali, entre a madeira do soalho, e ali ficaram até de manhã, quando as montanhas se encolheram para deixar passar os primeiros raios de sol. ele levantou-se e foi, pé ante pé, sem saber que ela o sabia ausente, partiu com os olhos cobertos de lágrimas, ela ficou calada, com um frio a secar-lhe a garganta, não gritou, ela sabe que os sonhos só duram uma noite.

por: mar


3 comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

e no entanto...talvez o encontremos...

15 de novembro de 2008 às 00:34 
Blogger Vanda Paz escreveu...

Olá menina

Um texto muito bonito, muito teu.

mas...às vezes, existem finais felizes... às vezes...

Beijinhos

17 de novembro de 2008 às 12:12 
Blogger Graça Pires escreveu...

Hão-de encontrar-se noutro lugar...
onde não seja preciso deixarem arder as palavras com a lenha...
Belíssimo texto. Um beijo.

17 de novembro de 2008 às 12:31 

Enviar um comentário

< home










mar


sobre este mar:

estrelas do mar
maré cheia
um mar de fotos
lugares do mar


arquivo:

março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
junho 2010