domingo, 9 de novembro de 2008

sento-me à margem do coração, à tona do peito na berma do corpo e espero, os olhos postos no rosto em lágrimas, as mãos sujas pelo pó das horas mortas nas extremidades do teu corpo. afogamos alguma saudade entre linhas, digo-te os beijos como quem fala de amor, frases feitas no interior da ausência, caladas, desertas como o corpo que ainda habitas. não morras triste. não morras. há vozes ao redor de mim, da vida, do lado mais escuro da noite onde os fantasmas te comem a pele, o gelo derrete-te nas pontas dos dedos, e a estalagmite de silêncios que se impõe recosta a minha falta ao não movimento dos teus lábios. fecho a porta ao futuro e sem destino conduzo os meus joelhos para fora das tuas mãos, se soubesse rezar cantava-te uma novena, ou qualquer coisa que te pudesse ressuscitar, mas eu não acredito em ressureição amor, desculpa, desculpa-me muito que pouco não chega para o tanto que te fiz sofrer. então choramos, os dois, eu e o meu corpo, de dentro para fora como o tempo se deve fazer,as lágrimas caem como petróleo sobre o teu corpo que é um fósforo a arder, do incêncio que se segue não tenho memórias.e agora és cinza atirada ao vento num dia de primavera, em contra luz, de encontro ao mar.

por: mar


4 comentários:

Blogger cjt escreveu...

gostava de te falar agora de luz e vistas para o tejo, aquele tejo sempre presente nas almas vivas que fomos, que és. gostava de te falar de um corpo dedilhado como uma guitarra que geme na noite. gostava de te dizer da paz imensa e melancólica que sou. mas mais não consigo que um trôpego esforço de ser, de estar. e livre-me e memória do prazer de te reinventar, que o sofrimento de o tentar é já imenso. a paz, obtenho-a no alheamento deste não-ser, o movimento perpétuo enfim alcançado tanto quanto mo ofereça a tua memória. e fico-me. deixo-me ficar.

10 de novembro de 2008 às 08:23 
Blogger AnaMar (pseudónimo) escreveu...

Hoje estou sem sentir.
nem frio nem quente. apenas indiferença um estar amorfo de um dia de sol resplandecente.
E eu sem sentir nada.
Apenas estas palavras me tocam a alma.
E já é tanto, que nem me volto a queixar.

10 de novembro de 2008 às 10:06 
Blogger Graça Pires escreveu...

Por dentro do coração, onde se reinventa o amor e o desamor, o júbilo e a mágoa, por dentro do coração, dizia, te cercaram as palavras e com elas falaste das sombras e da luz...
Um beijo.

10 de novembro de 2008 às 13:14 
Blogger rff escreveu...

Escreve-se bem por aqui. E os comentários mantém o nível...

12 de novembro de 2008 às 20:45 

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