terça-feira, 18 de novembro de 2008
subitamente caem-me algumas lágrimas e então tu entras, com os teus passos circulares, para me falares de amor. não sabes que choro por nada, ou por quase nada, e julgas-me entupida de vozes, não me julgas mal, sempre haverão em mim outros sítios, outras vozes labirínticas a conduzir-me os passos. e então eu páro de chorar e vou deitar-me no chão, abaixo da terra não se pode cair, fico ali duas, três, quatro horas, o tempo que for preciso, até o corpo se deixar enganar e acreditar que mais abaixo do que aquilo não se pode ir. finalmente vais, noite adentro, rua fora, perdeste na fotografia, e eu fico a calcetar esperas com os olhos vertidos nas mãos. já não é setembro, já não se podem dar os corpos como se deram as mãos, já não se podem ver cair folhas das árvores, tantas, que os olhos mais não vissem senão as cores em queda livre. agora só nos resta o preto e branco das flores na jarra, secas, murchas como os dedos das mãos, tristes como as peles do corpo. e se para o ano setembro voltar, volta com ele, que onze meses podem matar os dias mas não o amor.
2 comentários:
Carinho com carinho se retribui...
E, aqui estou eu!
Parabéns pelo espaço e, acima de tudo, parabéns por tudo o que está escrito e por tudo aquilo que, não estando escrito, se subentende.
Obrigado.
gosto da tua escrita, Mar...
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