quarta-feira, 26 de novembro de 2008
a vida, essa fantástica menina de balão seguro entre os dedos a bailar ao sabor do vento, a vida, tão simples quanto essa palavra de quatro letras, onde tudo é harmonioso, justo, até na soma de duas vogais com duas consoantes. a vida, essa puta de saia erguida às tantas da noite numa esquina qualquer, a vida, tão complicada quanto ela própria. a vida é do bloco de esquerda, tem uma dupla visão acerca da realidade, é extremista, e com orgulho é a primeira a marcar presença na rebeliões, a segurar cartazes nas greves e marchas. se fosse um fruto seria uma maçã, vermelha, envenenada, a mesma que quase matou a branca de neve, aquela que mordeu a eva e alterou o percurso de toda a humanidade. a vida tende a ser revolucionária embora por vezes mostre sinais de grande apatia, em alguns momentos chega a ser autoritária, sarcástica, hipócrita, mas sempre é alguma coisa ainda que se torne sociopata e acredite que poderá ser nada, por vezes tudo, sozinha. a vida essa cidadã do mundo, fugitiva, circular como um cão atrás da cauda, vadia, intercalar, perigosa como uma doença, caústica como um tufão, imprevisível como o tempo, crente como a viúva, sentada à porta da casa, à espera do homem morto há mais de dez anos. a vida é uma corrida de caracóis, a passar em câmara lenta, no horário nobre de uma qualquer estação televisiva e, por muito que corras, nunca conseguirás alcançar um lugar no pódio, porque a puta da vida transformar-se-á em caracol, desdobrar-se-á em três, só pelo gozo de te vencer, de novo.
2 comentários:
A vida a conter o que nos perde e o que nos salva...
Bonito o teu texto. Um beijo.
desapareceste do meu canto onde o nosso Dueto fazia todo o sentido!
quero ver-te perto mas apenas te vejo nas palavras que publicas aos ventos...
porque será que te foste embora?
beijo...
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