sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ele espera por ela. mão esquerda no bolso, cigarro na mão direita, algum fumo na garganta e uma saudade a morder-lhe a pele do corpo, até ao osso. ela vem apressada, desce a rua, encosta o coração pesado mais ao centro para equilibrar o corpo, no descompasso um sorriso morre-lhe, amedrontado, na face. quando se olham já a rua vai a meio e na metade que falta ele dá-lhe a mão, a esquerda. ela corre, o coração foge-lhe do peito e arrasta-se no alcatrão até comer a cena seguinte. breve. leve o adeus, o acenar da mão com o cigarro acabado, a boca contra a boca, os lábios secos, cortados como a rua ao meio. não há consolação, nem reza, nem sina, só a desolação de mais uma despedida, um adeus terceiro, nunca o último. ele inverte os passos e entra no comboio, o olhar tomba-lhe sobre a estação coberta de rostos desconhecidos. a noite a ela cega-lhe as lágrimas, encravadas como as unhas na carne viva das mãos. 

sempre se amaram mas nunca entenderam que amor era aquele,
tão longe do corpo, tão perto do coração.

por: mar


2 comentários:

Blogger CrisTina escreveu...

Há amores assim, que vivem fortes nos nossos corações... Doridos, magoados, mas que vão sobrevivendo.
Gostei muito

13 de dezembro de 2008 às 00:47 
Blogger Street Fighting Man escreveu...

de cortar a respiração *

13 de dezembro de 2008 às 11:17 

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