sábado, 3 de janeiro de 2009

ele sentou-se com o amor apertado contra o peito e perguntou ao mundo de que horas era feito, depois desencaixotou todas as ausências e com o pó do teu esqueleto nas mãos, sacudiu a vida, num sopro, palma fora, até perder o corpo inteiro e a rua lhe adormecer aos pés como um cão vadio. então esperou, com as mãos pálidas recostadas no peito e algumas, parcas, lágrimas sozinhas, a cair em vertigem para dentro da pele. desembainhou as saudades que lhe impediam a fala e com a voz a morrer-lhe na língua, bradou a madrugada como um cântico deserto.  talvez por ser janeiro a rua tinha um final triste e o cão, deitado no pátio, morria ao frio da geada sobre o pêlo e o mundo ainda não sabia de que horas era feito. 

por: mar


2 comentários:

Blogger Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novo escreveu...

Mar,
Venho aqui para não esquecer as tuas palavras, aquelas que não me dizes e que enrolas num sorriso de lágrimas.

Beijos do Alentejo

4 de janeiro de 2009 às 11:50 
Blogger Fernando Évora escreveu...

Muito bom texto. Senti como que uma vertigem, um prenúncio de queda no abismo. Parabéns. Regressarei para mais te escutar.

4 de janeiro de 2009 às 23:34 

Enviar um comentário

< home










mar


sobre este mar:

estrelas do mar
maré cheia
um mar de fotos
lugares do mar


arquivo:

março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
março 2010
junho 2010