sábado, 3 de janeiro de 2009
ele sentou-se com o amor apertado contra o peito e perguntou ao mundo de que horas era feito, depois desencaixotou todas as ausências e com o pó do teu esqueleto nas mãos, sacudiu a vida, num sopro, palma fora, até perder o corpo inteiro e a rua lhe adormecer aos pés como um cão vadio. então esperou, com as mãos pálidas recostadas no peito e algumas, parcas, lágrimas sozinhas, a cair em vertigem para dentro da pele. desembainhou as saudades que lhe impediam a fala e com a voz a morrer-lhe na língua, bradou a madrugada como um cântico deserto. talvez por ser janeiro a rua tinha um final triste e o cão, deitado no pátio, morria ao frio da geada sobre o pêlo e o mundo ainda não sabia de que horas era feito.
2 comentários:
Mar,
Venho aqui para não esquecer as tuas palavras, aquelas que não me dizes e que enrolas num sorriso de lágrimas.
Beijos do Alentejo
Muito bom texto. Senti como que uma vertigem, um prenúncio de queda no abismo. Parabéns. Regressarei para mais te escutar.
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