terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
às costas trazes a vereda, pesada como o coração, para a frente o corpo, inclinando os gestos, pesando a cabeça na dor de te voltares, na boca o sabor do asfalto, árido como os sentimentos. agora estás longe e é longe que vives, a secar numa corda qualquer, num qualquer quintal, numa casa da quinta, atrás dos arbustos, onde o bosque morre e começa o pasto. e é da morte que me gritas, a dor nas costas quieta, o corpo que é vago como as palavras, é da morte que me compreendes, ainda que não haja compreensão possível para a desolação do amor. talvez hoje entristeças, tu que nunca soubeste qual o sabor das lágrimas, talvez hoje chores com o corpo pálido e as mãos geladas. se escalares o caixão e subires à tona da terra faz de conta que já me esqueceste, finge até que não me reconheces. quero perder-te como se perdem as memórias com o passar dos anos, quero enterrar-te a lembrança com o azedume do que vai e não volta.
2 comentários:
entrei, desculpa a intromissão!
mas de vez em quando venho espreitar à janela... deixo-te uma flor pousada no parapeito! um carinho pendurado ao lado dos casacos...
adoro a forma como escreves e esse sentimento que transmites é tão forte... já o passei e nesses tempos.. escrever era a melhor forma de chorar as lágrimas secas que já cansadas faziam arder os olhos...
beijo terno!
Que escrita intensa!
gostei
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