quarta-feira, 22 de abril de 2009
subitamente recordo-te as feições entrelaçadas como os dedos das mãos. calo-me, falar de ti é comer as palavras, uma por uma, até chegar ao incauto silêncio de que sempre foram feitos os nossos afectos. pareces serena, como da primeira vez, de fronte curvada para o chão e com os cabelos soltos, ao sabor de um vento breve de norte. estás ausente, desfocada, e não é esta imagem que pretendo recordar, nem ela, nem os teus passos fugidios, a correr no sentido oposto ao meu, ainda que na mesma direcção. calculo que não estejas feliz. ouve, eu sei que não estás feliz joana e ainda assim quero mostrar-te os silêncio que ainda aqui moram, do lado esquerdo do peito, num buraco negro a que costumam dar o nome de coração. dá-me um sorriso hoje, um estrelado, que seja capaz de iluminar a minha noite, fazê-la parecer mais simples, mais fácil de passar, quem sabe alterar o tempo num simples grito dado à varanda. quem sabe um dia regresses, joana, com os teus cabelos soltos e a face entrelaçada como os dedos das tuas mãos, sempre, quem sabe. por agora reconforto-me à imagem dos teus gestos, sempre delicados no toque, e penso muito em ti, agora penso muito em ti e há silêncios, que duram a noite toda, que me comem por dentro, a raiz do corpo.
1 comentários:
olá Margarete, continuas por cá ou sumiste?
com tens a "casa aberta" vim espreitar a nova decoração e gostei, sem dúvida que continuas a escrever muito bem!
beijo termo...
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