domingo, 3 de maio de 2009
vou falar-te do processo cognitivo, da falta de lucidez quando te vejo e depois, talvez, desta janela onde me sento, que traz consigo ruas a cair de velhas e telhados gastos, de casas paralelas a esta onde te habitas. vou tecer-te a imagem nocturna como quem debica detalhadamente um pedaço de caminho, quero entregar-te a cidade pelos meus olhos, cansada, de madrugada, com alguns gritos de gaivotas a roubarem-lhe o silêncio, quero falar-te do candeeiro da rua debaixo, perpendicular à casa, a iluminar-lhe as janelas que daqui me parecem maiores que braços. depois, se ainda nos restar tempo, quero explicar-te como são lindas as heras, a cair nas rochas dos muros ao fundo da imagem e, se os meus olhos deixarem, caio contigo sob a luminosa quietude deste embaraço, por certo beijo-te um pouco os dias e sorrio enquanto te enlaço o passado e o escrevo ao para trás.
1 comentários:
que bonita casa aberta...
minha querida, há coisas às quais nem todas as pobres mentes mortais estão atentas...tu estás!
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