segunda-feira, 20 de julho de 2009

sobe lenta a minha morte, do lado de fora da janela, à espera. às vezes penso que nunca existirão palavras suficientes para te matar deveras. às vezes penso que me são reveladas palavras pela primeira vez, entupidas de silêncio, elas próprias criadas da segunda costela do meu desespero. estás em retrocesso e creio ser essa a tua última morada. quero escrever-te qualquer coisa breve, qualquer coisa que não nos consuma como nos consome o tempo, ou o espaço atrás dele. delicadamente perco o rumo a esta vida, tão curta como a tua, tão vadia, que se desprende em gotas pelos poros como o orvalho de madrugada a pender nas folhas. bem te disse que fomos criados por um adeus sem acenos, somos frutos da mesma estação, estamos podres. quisera hoje roubar-me o passado e enforcá-lo na galha desta saudade, quisera hoje matá-lo, repetidamente, até o ouvir chorar o teu nome como da primeira vez. repito: sobe lenta a minha morte, do lado de fora da janela, à espera.

por: mar


2 comentários:

Blogger Ana Duarte escreveu...

Mar.
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27 de julho de 2009 às 22:51 
Blogger Armindo de Vasconcelos escreveu...

"sobe lenta a minha morte, do lado de fora da janela, à espera"

... que seja lenta a morte de quem vive assim nas palavras.

... seja longa a espera!

6 de agosto de 2009 às 12:12 

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