quinta-feira, 31 de julho de 2008

ana

e ainda me morro sempre que te recordo em dias nostálgicos como este, os cabelos livres como o vento que não se faz sentir e essa tua mania, irremediável, de parares os momentos com palavras ágeis e mudares de filme. este sítio já não é uma casa sem os teus braços e o compasso das esperas, agora longo, tornou-se indecifrável ana.
tu eras, ana, eras tudo o que eu sonhei encontrar na vida e, ainda assim, acreditei que não me bastasses, não soube construir-te uma ponte que fizesse a ligação dos meus lábios ao meu coração e quando me beijavas eu não sentia. chorei muito ana, chorei a vida de não perceber o amor que é vão, apodrecido sobre os gestos que se gastam e hoje, hoje se recordam com as tristes e velhas músicas do brian adams. nunca larguei o museu romântico que me ofereceste quando nos conhecemos.
e antes que acorde ana, antes que acorde e me morra de novo num acordar só, deixa que te cante com a voz desafinada por cima da voz do brian adams e me torne brian adams agarrado ao microfone que é o desodorizante. amo-te ana e ainda me morro.

por: mar

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terça-feira, 29 de julho de 2008

valentina

valentina de carvalho contava os dias com as contas do rosário que ao fundo da cama adormecia no pescoço de nossa senhora. quando tinha 20 anos morreu-lhe a mãe num dia em as mimosas floriam, nunca soube quem era o seu pai e isso pouca diferença lhe fazia, crescera monte e morria floresta. hoje senta-se só. a soleira da porta parece-lhe pequena para tantas lágrimas, à sua frente uma bacia para onde cega couves e dores.
valentina de carvalho tem um nó no peito, no lugar do coração uma porta à muito fechada, ao longe ainda canta canções de tempos que já não lhe pertencem, nos pés descalços pedaços de uma idade que lhe chega em abril. sabe de cor provérbios que anunciam tempestades, luas e dias de calor mas nunca soube de cor a sua vida, as avalanches, o frio que dança nas suas rugas como um peixe atordoado sem conseguir respirar. quando o marido lhe foi o inverno não tardou a chegar com a neve a assobiar notas de funeral e a geada trouxe-lhe vestidos de viuvez. e desde então ela não sabe respirar, morreu. morreu.
valentina de carvalho morreu no dia 15 de Dezembro de 1984 quando o corpo de Joaquim caiu morto no quintal, atrás da casa de onde ela nunca saiu.

por: mar

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laurinda sofia magalhães lemos.

distraída como era julgava que o sol nascia do lado do mar, estava certa de que o cancro era transmissível e que a lua era um planeta. na cozinha onde trabalhava os bolinhos de bacalhau levavam farinha e as costeletas de porco eram temperadas com açúcar. na casa dela o frigorífico morava na sala, a TV na casa - de – banho, os panos de cozinha serviam de toalhas e às vezes secava o cabelo com o ferro de engomar. Havia quem lhe chamasse louca, outros achavam-na doente e ainda havia alguém, uma única pessoa, que a achava extremamente divertida e conseguia ver na sua distracção uma estratégia de sedução imparável. ele chamava-se zé mário e estava apaixonado por ela, trabalhava como segurança no restaurante e demorava duas horas a fazer a ronda, uma hora e cinquenta a certificar-se que tudo estava bem na cozinha e dez minutos nas restantes divisões. laurinda sofia magalhães lemos era uma mulher elegante, cabelos gordurosos, nariz empinado, jeito de andar estranho como quem corre sempre no mesmo lugar, os olhos talvez pretos às vezes pareciam castanhos escuros, não muito alta conseguia chegar ao topo da estante sem se pôr em bicos de pés, apanhava o autocarro às sete da manhã e às dez horas da noite sentava-se na sanita para assistir à telenovela.

por: mar

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

eu amo-te*

dizer: “eu amo-te”. dizer: “eu amo-te” como quem se passeia na colina mais alta do mundo e fala alto ao eco sempre atento, como quem sacode o pó das calças, o mesmo jeito do pescador que desembaraça a rede, a mesma simplicidade de quem espirra.
dizer: “eu amo-te”. dizer: “eu amo-te” e ficar quieta como quem espera que nada mais seja dito, como quem de tão feliz se veja um louco, a mesma descompostura de um assassino em frente ao juiz, o mesmo sorriso de quem foi embora e agora regressa.
dizer: “eu amo-te” como quem penteia o cabelo, como quem lava os dentes e saber que na rotina finalmente se encontra uma razão para se ser feliz.
dizer: “eu amo-te” e dizer: “eu amo-te" e ainda assim ter vontade de dizer: “eu amo-te” para sempre, mesmo que o sempre seja longo.




*luís belo

por: mar

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sábado, 26 de julho de 2008

joaquina

tendencialmente sorria com o coração apertado e os olhos escondidos por detrás da vergonha de se saber apaixonada. às vezes despedia-se com a mão a acenar a falta sucessiva de carinho. não esperava que a compreendessem quando se encolhia sobre si mesma e boiava como um pato de borracha no lago. não esperava nada, na verdade nunca esperou nada e sem que nada esperasse muito lhe havia sido entregue. às vezes conseguia segurar o mundo na ponta do nariz, sempre fora equilibrada menos quando se falava de amor, esse tema tão gasto como desconhecido. tendencialmente comia do lado esquerdo da mesa, depressa, como quem tem uma infinidade de tarefas agrafadas na porta do frigorífico, a obrigação de cumprir uma rotina absurda, a vida. às vezes sentava-se no pátio com um caderno entre as pernas cruzadas à chinês, sorria devagarinho quando alguém passava, fechava-se depois em casa com o silêncio como companheiro. pulava dentro de si uma falta de carinho e ela quieta esperava com a mesma paciência de quem nunca esperou nada, na verdade. tendencialmente calçava sapatos rasos e de quando em vês atrevia-se a caminhar descalça, pintava a vida com as pontas dos dedos sobre a água do lago e sempre que podia, e podia tantas vezes, andava nela com o mesmo entusiasmo de quem anda pela primeira vez de baloiço. às vezes sim. às vezes não. tendencialmente chamavam-lhe Joaquina mas havia ainda quem a julgasse margarida nas pétalas da sua juventude.

por: mar

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quinta-feira, 17 de julho de 2008

maria teresa de jesus

um dia fechou a porta da rua e nunca mais a abriu. sentou-se no sofá com a cabeça entre os joelhos e olhando o chão pensou na elasticidade que ainda tinha. às vezes sabe bem fechar as portas ao que nos provoca dor, ainda ontem tanto ela como esta casa estavam prontas para receber quem viesse, hoje estão fechadas.
em dias de chuva costumava fustigar-se com chocolate quente, em dias de nevoeiro cobria-se com a manta bege que a avó lhe dera, em dias de geada aninhava-se junto à lareira e adormecia a ver o álbum de fotografias que guardava, religiosamente, em cima da mesa de sala, em dias de sol abria as janelas, as portas, os olhos, o seu coração e com sorrisos abria a própria boca, dias felizes. hoje esgotara qualquer possibilidade de crença, ou fé incondicional, nessa coisa estranha a que costumam chamar de vida.
não costumava brincar com crianças porque as achava patéticas, na verdade por vezes concordava com ela e até eu me limitava a olhá-las com ar de poucos - amigos, era “alérgica” a animais e por isso sempre mantive longe a possibilidade, mesmo que arbitrária, de convencê-la a aceitar o meu gato. e até nestas pequenas coisas, com as quais era difícil lidar, eu encontrava uma razão para amá-la, no entanto hoje não consigo olhá-la sem sentir pena, pena por ter fechado as portas da sua casa, do seu corpo, pena por não saber o que é ter um animal de estimação em casa, pena por nem sequer se aproximar de crianças, pena, só pena.
às vezes ligava-me a meio da noite com o medo da perda a tremelicar-lhe a voz, às vezes eu ria-me, outras vezes esperava que os soluços acabassem, que ela se acalmasse e voltasse a dormir, só desligava quando lhe sentia a respiração sossegada e não a ouvida responder-me. às vezes pendurava-se na varanda e fingia que se queria matar. às vezes eu sentia-a atirar-se mesmo que lhe não ouvisse o corpo contra o chão. às vezes chamava-me “meu amor” e eu sorria certo de estar contaminado pela mesma doença que ela. às vezes parava no meio da rua e gritava uma qualquer dor que nunca descobri de onde vinha.
trancava o passado nunca caixa de madeira, encardida pelo tempo, debaixo da cama. trancava-se no quarto sempre que a abria e trancava-se em casa sempre que eu fazia perguntas. sempre se habituou a trancar tudo o que a transportava aos lugares de antes.
um dia fechou a porta da rua e nunca mais a abriu. deixei de a ver, depois de a ouvir, até que desesperado a esperei, sentei-me na soleira da porta e esperei, como quem espera um abraço de um corpo inanimado, como quem espera uma resposta de uma boca morta.
era um tumor, um tumor. era uma doença qualquer que lhe vinha da infância quando pela primeira vez lhe enforcaram a vida com a sua boneca de trapos. e eu, pobre infeliz, só hoje lhe percebia a breve corcunda nas costas, só hoje , enquanto lhe agarrava a memória, me apercebi do peso que trazia às costas.
e da tua morte, minha pequena, nunca rezou a história.

por: mar

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terça-feira, 15 de julho de 2008

carolina.

às vezes pegava na sua vida e fazia dela um papagaio colorido lançado ao vento em dias de sol, às vezes pegava no papagaio colorido e saía de casa com o coração nos olhos e na boca, corria praia fora e caía, enrolava-se na areia e chorava uma alegria enorme a saltar-lhe no peito. devagar tudo se transforma numa súbita tristeza, estar só, encontrar a felicidade e não ter com quem a partilhar, rir alto e não ter quem lhe ouça o riso, agarrar-se à falta e chorar baixinho para não incomodar a felicidade que a abraçava.
tem dias em que se imagina uma estrela de cinema, sai de casa e sente-se capaz de vestir a rua com cores garridas, erguer o nariz e fingir que não conhece ninguém, ouvir as palavras que lhe chegam de longe com os olhos presos num sonho que não lhe pertence. tem dias em que abre os braços sobre a ponte d. luís e abraça o douro, os barcos rabelos e todos os turistas que só conhecem os postais de uma cidade em ruínas.
ela é assim, nem os cinquenta anos de mar lhe apagaram a infância, corre, corre com as mãos cheias de sonhos, ganha balanço nas descidas e sobe, sobe como quem voa, ergue os braços e solta os sonhos com lágrimas de uma vida que se solta com eles. ela é assim, nunca soube gritar, nunca soube discutir, nunca se soube numa casa cheia de gente feliz.
carolina. não há quem lhe não conheça a saia com um lagarto pintado.

por: mar

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domingo, 13 de julho de 2008

quando a gente se pinta só.

ele fecha a porta de casa e encosta a cabeça ao vidro, olha na rua quieta um pedaço da sua vida de sempre e fica à espera que a porta se abra de novo para lhe mostrar o que poderia ter sido se mantivesse a porta aberta. gosta pouco de gente, habituado a acordar sozinho numa cama enorme, comer sozinho numa mesa enorme, viver sozinho numa casa enorme, nunca foi dado a conversas longas em sítios comuns nem tão pouco a convivências e diálogos que demorassem mais que o bom dia matinal.
senta-se no sofá com o gato entre as pernas e, sem ligar a televisão, adivinha-lhe os programas que irá ver nas próximas cinco horas até a barriga começar a dar horas. levanta-se, a noite bate no vidro da sala mas a luz do candeeiro não a deixa entrar, arrasta o corpo até à cozinha e prepara umas sandes, come e volta para o lugar de sempre. o sofá tem dois meses mas já se lhe nota um buraco perfeito com a forma do seu rabo gordo, morada dos tantos doces que engole todos os dias. acaba de comer e atira o tabuleiro ao chão, os olhos pesam-lhe um pouco, ainda assim prende-os ao tecto, fiel companheiro de todas as horas. o tédio de se saber vivo dá-lhe pontapés no estômago cheio. pouco a pouco os olhos fecham-se-lhe e o mundo transforma-se num sofá, o sofá onde ele se senta para ser feliz com um telecomando do tamanho de um prédio de vinte andares enfiado entre as mãos, a televisão não cabe numa cidade e no pacote de gomas que tem a seu lado repousam 25 gomas do mesmo tamanho que ele.

por: mar

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sábado, 12 de julho de 2008

era uma vez um poema pequenino*

era uma vez um poema pequenino, que por ser pequenino cabia na palma da mão de uma criança igualmente pequenina, os poemas grandes e pomposos gozavam com ele por ser assim tão pequenino e ele, triste, nunca se mostrou a ninguém.
vivia então, o poema pequenino, na palma da mão de uma criança igualmente pequenina que cresceu, hoje a criança pequenina é uma mulher-menina crescida, no entanto o poema pequenino continuou pequenino e escondido na palma da mão da agora mulher-menina crescida.
os dias passaram e os poemas grandes e pomposos continuavam a gozar com o poema pequenino, descobriram que ele vivia na palma da mão da mulher-menina crescida e vieram, vieram em forma de grossos livros de poesia grande.
o poema pequenino com medo saltou para os lábios da mulher-menina crescida e um dia, numa noite estrelada perdida no julho de 2008 caiu da boca da mulher-menina crescida e todos ficaram a conhecer aquele que é e será sempre o mais bonito poema de todos os tempos:
"eu amo-te luís"

* dedicado ao meu luís.

por: mar

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sexta-feira, 11 de julho de 2008

os momentos de falta

falta-me uma manhã e uma tarde, falta-me um dia mais uma manhã e uma tarde, ainda me faltam 365 manhãs e uma tarde e uma meia-hora para te ver passar com as malas na mão. depois faltam-me duas meias-horas para te sorrir e dois quartos de hora para te falar, dois cinco minutos para te abraçar e dois um minutos para te agarrar em dois meios segundos de beijos que durem uma manhã e uma tarde

por: mar

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terça-feira, 8 de julho de 2008

maria do espírito santo

Maria coçava a cabeça com o mesmo desembaraço com que bebe um copo de aguardente logo pela manhã. Encontrei-a na berma de um desses caminhos de terra batida por onde ninguém, no seu perfeito juízo, se atreve a meter o carro. Estava a tarde quente com o sol já alto a esbarrar no topo do céu azul, bebi a última água que restava no cantil e saltei do jipe, o pó do caminho sujou-me as botas, as calças, a pele, mas não me importei. Lá estava ela, sentada nas raízes velhas de um castanheiro, as mãos empurravam um trigo seco pela garganta abaixo e os olhos, ora postos no solo ora postos em mim, pareciam desconfiar da sua sorte ao ver-me ali. Esta semana eu era a única pessoa que Maria do Espírito Santo via.
Deu-me as boas tardes como quem abre a porta de casa a um desconhecido, levantou-se e ajeitando o avental perguntou-me as horas, nem esperou pela minha resposta e torcendo o nariz ao sol que não demoraria a pôr-se, afastou-se um pouco para chamar as ovelhas, eu segui-a. Cajado na mão esquerda, o resto do trigo na direita, as roupas pretas anunciando a viuvez e a solidão, o andar desengonçado de quem já não se preocupa em dar passos certos, os pés já se habituaram a eles. Começou por contar-me as perdas da sua vida, a sua mãe morreu quando a pariu, o pai batia-lhe e quando tinha 12 anos fugira de casa. serviu durante 20 anos numa quinta mas um dia acordou com a vontade de partir a coçar-lhe a cabeça e foi-se, agarrou nas trouxas e partiu para ali, ali ficou primeiro com uma tia e agora só, o que lhe restava eram apenas recordações e memórias presas entre as tantas rugas empoeiradas.
Maria viu o sol esconder-se ainda a meu e com a noite a querer cair de mansinho na sua pequena casa em pedra encheu-me o cantil de água que tirou debruçada do seu poço. Agradeci e já com a porta do jipe aberta vi-lhe o primeiro sorriso seguido de muitas lágrimas. Eu era a primeira pessoa que Maria do Espírito Santo vira esta semana e talvez fosse a única neste mês.
O caminho guiava-me e com os olhos postos no retrovisor vi-a ficar pequenina, cada vez mais pequenina até desaparecer nos pontos negros da noite, a sua mão ainda ali estava acenando, acenando, acenando e o cão sentado aos seus pés de chuva chorava no latido característico de quem adivinha a despedida. Eu triste fui e sou.

por: mar

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domingo, 6 de julho de 2008

funeral das horas

sento-me aqui no teu quarto, a secretária interrompe a parede coberta por recordações e lembranças, o tapete às vezes roxo outras vezes violeta sorri com os teus pés a fazer-lhe cócegas de vez enquanto, e há tantas fotos nas paredes do teu quarto que, permite-me a ousadia, fico a desejar-me pendurada nele. o teu mundo é este, entre o breve bom dia e o longo abraço, entre a música em acordes de guitarra parada e a tua voz a romper o tempo e o espaço. não tens relógio no quarto! olho em volta mas não te vejo um único relógio, nem calendário, melhor não os ter no quarto, melhor esquecer-me deles e ainda assim a vontade de matar os ponteiros de todos os relógios da casa, da rua, da cidade, do país, da europa, do mundo. o relógio morto da sala não espreita na porta, sem o ver sei que se ri do meu incontrolável desejo de assassinar os ponteiros de todos os relógios e fazer-me fugitiva sem tempo, contigo a meu lado. e a saudade que só deveria chegar amanhã minutos antes de entrar no autocarro, arregaça as mangas e bate-me no peito, o toc-toc de faltas a ronronar entre o som dos teus dedos a dactilografar palavras ao computador.

por: mar

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